sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Você sabia que a introdução do Hino Nacional Brasileiro já teve letra?

Pois é, a introdução do Hino Nacional já teve letra. Veja:
Letra da introdução
"A parte instrumental da introdução do Hino Nacional Brasileiro possuía uma letra, que acabou excluída da sua versão oficial do hino. Essa letra é atribuída a Américo de Moura, natural de Pindamonhangaba, presidente da província do Rio de Janeiro nos anos de 1879 e 1880. Em 17 de novembro de 2009, o cantor Eliezer Setton lançou um CD intitulado Hinos à Paisana, das quais uma das faixas é do Hino Nacional Brasileiro com essa introdução cantada.


A letra da introdução é a seguinte:
Espera o Brasil que vós cumprais com o vosso dever
Ei! Avante, brasileiros! Sempre avante
Gravai o buril nos pátrios anais o vosso dever
Ei! Avante, brasileiros! Sempre avante

Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz
Cumpri o dever na guerra e na paz
À sombra da lei, à brisa gentil
O lábaro erguei do belo Brasil
Ei ó sus*, oh, sus!


*A palavra "sus" é uma interjeição que vem do latim sus: "de baixo para cima"; que chama à motivação: erga-se!, ânimo!, coragem! Neste contexto é sinônimo de "em frente, avante.""


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Qual a sua opinião em relação ao aborto? Veja este vídeo e comente.



Atenção: cenas fortes!
Observação: Se a legenda não for exibida, clique na seta (primeiro ícone na parte inferior direita), depois clique em "CC" e em "more" escolha a legenda em português.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sugestão de leitura: O novo retrato da fé no Brasil (Istoé)

Caros leitores, considero que a análise desse artigo seja muito importante. Segue o link:
http://www.istoe.com.br/reportagens/152980_O+NOVO+RETRATO+DA+FE+NO+BRASIL

Em análise a essa reportagem, o pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP), Luiz Fernando dos Santos, fez algumas observações interessantes, veja:


"[...] 
1º - O Islã recebe novos adeptos a cada dia, as mesquitas e as comunidades islâmicas de muitos lugares no Brasil já possuem 85% de membros “nativos” convertidos, de brasileiros que aderiram à nova fé.

2º - Hoje, no Brasil, algo em torno de 4 milhões de nascidos em berços evangélicos se declaram crentes não praticantes e outros tantos se declaram cristãos, mas não querem nenhum envolvimento com Igreja ou Comunidade de fé. 

3º - A migração entre neopentecostais e pentecostais, e a insustentável infidelidade dos membros a estas expressões cristãs, começam a apresentar sinais de saturação manifestados em dois movimentos excludentes entre si:

   a) Muitos pentecostais e neopentecostais começam a procurar guarida nas Igrejas históricas e mais alinhadas com a Reforma Protestante: Presbiterianas, Metodistas, Batistas etc. O que as atrai é o estudo diligente das Escrituras, a ética, a moral e os valores do Reino difundidos e defendidos por estas instituições. 

b) O outro fenômeno, surpreendente para dizer o mínimo, é que muitos egressos do ramo neopentecostal passam a freqüentar a umbanda e o candomblé, exatamente pelas muitas semelhanças cúlticas como transes, gritos e grunhidos, possessões, busca de soluções mágicas, usos de objetos sagrados e por aí vai. 

4º - Os sem religião e sem Deus também já figuram entre os grupos de destaque nas pesquisas. Mas será que Deus comissionou a Igreja para esta tarefa tão difícil sem aparelhá-la com os devidos instrumentos? Evidentemente que não. Além dos dons espirituais e a própria presença e ministério do Espírito Santo e as Escrituras, o Senhor indicou também estratégias para que a Igreja desempenhasse com êxito a sua missão e dentre estas estratégias podemos destacar o imprescindível e permanente mandato do discipulado. 

O grande êxito alcançado pela Igreja Primitiva e Antiga deveu-se ao grande investimento feito no discipulado pessoal e comunitário dos novos convertidos e das novas lideranças. Na Igreja Antiga o Catecumanato, com suas catequeses, escrutíneos e provas num processo formativo nunca inferior a três anos, era o grande divisor de águas entre os membros da Igreja e os pagãos. Depois havia ainda as didascalias, verdadeiros centros de treinamentos para a vida cristã. São famosas as escolas de Alexandria, Constantinopla, Roma, Lião, Antioquia e Cartago.

Com o advento dos acontecimentos de 313, 325 e 375, quando a Igreja é oficializada no Império Romano e depois estatizada pelo Imperador, as massas agora entram na Igreja sem o devido discipulado, recebem apenas os sacramentos sem nenhuma instrução (são sacramentalizados, mas não cristianizados) e rapidamente as deteriorações moral, espiritual e ética corrompem a Igreja a tal ponto de os cristãos comprometerem a sua mensagem, doutrina e liturgia. Como efeito, progressivamente a Igreja foi sendo deformada no século XVI.

É bem verdade que Deus nunca deixou a sua Igreja desprovida de grandes líderes que continuaram apostando no discipulado formal e sistemático para preservar exatamente a herança dos santos: Ambrósio, Cipriano, João Crisóstomo, Agostinho, Irineu, Justino, Cirilo de Alexandria etc. A Reforma protestante foi, sem dúvida, uma volta ao discipulado e a instrução bíblica para a vida. Os catecismos de Lutero, Calvino, Bullinger e outros provam isto. [...]"


Não podemos esquecer os mandamentos de Jesus: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;" (Mateus 28. 12)

Pátria amada, idolatrada e questionada

O Brasil é o quinto país mais desigual do mundo. Os quatro primeiros são Namíbia, Lesoto, República Centro-Africana e Paraguai. 

Os pobres brasileiros têm renda mais baixa que a dos pobres do Vietnã, apesar de este país ter uma renda média inferior à brasileira. 

De acordo com o recente relatório (novembro de 2005) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), se os negros brasileiros formassem um país, ele ocuparia a 105º posição no ranking que mede o desenvolvimento social no mundo, enquanto o Brasil “branco” seria o 44º. 

Os 10% mais ricos do Brasil faturam 68 vezes mais que os 10% mais pobres. A transferência de 5% da renda dos mais ricos para os mais pobres poderia tirar da miséria 25 milhões de pessoas (15% da população). 

Embora o número de pessoas famintas no Brasil esteja diminuindo, ainda há 15,6 milhões delas no país (eram 16,5 na metade da década de 90 e 18,5 no início da mesma década). 

São Paulo é a única cidade do mundo que tem duas lojas Montblanc. O Brasil é o segundo mercado de helicópteros e o único país do mundo onde a Cartier vende a prazo. A marca italiana Diesel escolheu São Paulo para abrir seu segundo hotel, depois de Miami. 

A cada safra, o Brasil perde 10 milhões de toneladas de grãos (13% do que é produzido) antes e depois da colheita, principalmente durante o transporte.



http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/298/patria-amada-idolatrada-e-questionada

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Folha de São Paulo: "Sobe total de evangélicos sem vínculos com igrejas".


"O número de evangélicos que não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu, informa reportagem de Antônio Gois e Hélio Schwartsman, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, eles passaram de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, um salto de 4 milhões de pessoas.
Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.
No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças --o que reforça a tese da desinstitucionalização."

http://www1.folha.uol.com.br/poder/959739-sobe-total-de-evangelicos-sem-vinculos-com-igrejas.shtml

Vários foram os sites que comentaram, criticaram, reproduziram, desmentiram… Poucos, todavia, se prestaram a refletir a respeito das variáveis envolvidas na equação que levou a esse número. Uma das críticas sãs que vimos por aí foi escrita por Sandro Baggio, pastor do Projeto 242, comunidade de São Paulo. Reproduzimos abaixo seu texto lembrando a importância de caminhar em conjunto, não necessariamente sob o teto de uma igreja ou comunidade física, com nome na porta… Pense a respeito. 

"Li ontem a reportagem da Folha de São Paulo sobre o número crescente de evangélicos sem ligação com igrejas e também diversas reações à mesma. Uns celebraram a reportagem, pois parece confirmar a eles algo positivo, ou seja, que a vida cristã ou espiritualidade verdadeira precisa libertar-se do contexto institucional poluído para ser vivida com graça. Mas será que é isto que a reportagem realmente indica?

A começar pelo título, já encontramos uma certa contradição e negação aos prognósticos daqueles que estavam decretando o fim da igreja evangélica. Fala-se de evangélicos sem ligação com igrejas. Mesmo tendo deixado seus vínculos com uma igreja local, estas pessoas ainda se identificam como sendo evangélicos e alguns ficam indo de igreja em igreja como consumidores que “usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir.”
No entanto, é o perfil deste “novo evangélico” traçado nas análises feitas para esta desinstitucionalização, que me faz pensar se, como seguidor de Cristo, existe algo a ser celebrado.
Ricardo Mariano aponta como motivos para esta desinstitucionalização “o individualismo e da busca de autonomia diante de instituições que defendem valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados” e fala ainda sobre o “crer sem pertencer”.   Individualismo, busca de autonomia, rejeição de valores extemporâneos e descompromisso… seriam marcas a serem buscadas por um discípulo de Cristo?
Não é estranho que tais pessoas sejam chamadas de “crente genêrico”, que criaram seu próprio “blend” de crenças (resultado do pluralismo e sincretismo religioso) e sejam comparadas ao católico não praticante. Para um seguidor de Cristo, não há o que celebrar aqui.
O que a reportagem não diz é que estes que abandonaram a ligação com as igrejas institucionais se uniram a novas igrejas “não institucionais” em busca de uma experiência renovada e libertadora de fé. Se isto estivesse acontecendo, talvez fosse algo a ser celebrado. Mas, neste caso, eles não seriam evangélicos “sem ligação com igrejas”, e sim evangélicos em “novas igrejas”.
A única coisa positiva neste artigo é a confirmação do fenômeno da desinstitucionalização como uma das marcas da pós-modernidade. Isto não é novidade, mas algo que vem sendo apontado há anos."

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O poder das palavras!!!

Salmos 19:14 “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!”
Provérbios 13:3 “O que guarda a sua boca preserva a sua vida; mas o que muito abre os seus lábios traz sobre si a ruína.”
Mateus 12:34 “Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.”
Colossenses 4:6 “A vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.”
Efésios 5:4 “Nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças.”
Provérbios 25:11 “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.”  Isaías 50:4 “O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba sustentar com uma palavra o que está cansado; ele desperta-me todas as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo.”
Êxodo 20:7 “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão.”
Tiago 3: 5-10 "Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno. Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana; Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim."


Conclusão: Tenha cuidado com o que sai de sua boca, pois, " o que sai da boca procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.”  Mateus 15: 18-20

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Judeus e árabes: o que esperar do oriente médio?

Análise do documentário:
PROMESSAS de um novo mundo. Direção: B.Z. Goldberg, Carlos Bolado, Justine Shapiro. Roteiro: Ilan Buchbinder, Stephen Most, Yoram Millo. Israel/EUA/Palestina, 2001, 116 minutos. (É possível assirtir todo o documentário pelo You Tube <http://www.youtube.com/results?search_query=promessas+de+um+novo+mundo&aq=0&oq=promessas+de+um+>)

Em interface com o texto:
GATTAZ, André. A Guerra da Palestina – Da criação do Estado de Israel à Nova Intifada. (caps 8 e 9). São Paulo, Usina do Livro, 2002.

Produzido entre 1997 e 2000 (pouco antes da mais recente Intifada, de Outubro de 2000), este documentário retrata a história de sete crianças israelenses e palestinas (Daniel, Yarko, Faraj, Moishe, Mahmoud, Sanabel e Shlomo) em Jerusalém e na Cisjordânia que, apesar de morarem próximas umas às outras, vivem em mundos completamente distintos, separados por diferenças políticas, sociais e religiosas. O narrador B.Z. Goldberg (também diretor do filme), inicia explicando que o objetivo do trabalho é mostrar o que as crianças, normalmente associadas ao futuro, têm a dizer sobre os conflitos e o processo de paz na região. As sete crianças, com idades entre 8 e 13 anos, falam sobre os horrores da guerra, sobre parentes e amigos mortos e destilam ódio contra as facções contrárias. Elas são consideradas normais, porém, como se vê no documentário, “ser normal no Oriente Médio significa conviver com a guerra”.

Entre as sete crianças estão os gêmeos israelenses Yarko e Daniel, moradores da Jerusalém Ocidental. Apesar de estudarem, brincarem e praticarem esportes, eles convivem com o medo do terrorismo e, além de falarem de coisas comuns ao mundo infantil, têm na ponta da língua opiniões quanto aos conflitos. Eles mostram aversão aos judeus religiosos e, contrariando-os, afirma que não foi Deus quem criou o atual Estado de Israel. Já na Jerusalém Oriental, o pequeno palestino Mahmoud afirma: “Os judeus dizem que essa terra é deles. Como pode ser deles? (...) Jerusalém é dos árabes.”

A origem dos conflitos, nas proporções que se encontram, está no ano de 1948, ano da fundação de Israel. Ano da “Guerra de Independência” para israelenses e da “Catástrofe” para os palestinos. André Gattaz traz em seu texto um documento muito importante, é a “Declaração de Independência do Estado de Israel”. Neste documento fica claro o discurso sionista de que a Terra de Israel “foi o berço do povo judeu” (p. 121), este mesmo discurso é utilizado por Moishe, criança judia que habita em um assentamento na Cisjordânia chamado Beit-El, que recorre à Bíblia para afirmar que Deus deu aquela terra a Abraão e por herança ela passou para Jacó, que teve seu nome mudado para Israel.
No dia seguinte à “Declaração de Independência do Estado de Israel”, a Liga Árabe emite um documento se referindo à criação do Estado de Israel como um centro espiritual para os judeus na Palestina, o documento também faz referência ao grande êxodo de palestinos para países árabes vizinhos. O filme afirma que cerca de 750 mil palestinos fugiram ou foram expulsos, tornando-se refugiados. André Gattaz faz referência ao “terror psicológico” e à morte de milhares de civis palestinos:
“mulheres, crianças e idosos eram levados às fronteiras pelos soldados israelenses, outros milhares de pessoas morreram devido ao calor, às doenças e aos maus-tratos por parte dos soldados. Nas aldeias desocupadas, os israelenses passavam ao saque sistemático: móveis, bens pessoais, máquinas e equipamentos, veículos e mesmo animais de criação eram levados, enquanto tudo o que não pudesse ser carregado era destruído ou incendiado.” (p.128)

Gattaz cita ainda a “restrição de movimentação dos indivíduos árabes” dentro do que é considerado Israel. No filme podemos observar a dificuldade que os árabes da Cisjordânia, área ocupada pelos israelenses após a Guerra dos Seis Dias, têm de ir a Jerusalém. Para passar nos postos de fiscalização eles têm que obter autorização do exército israelense. O filme mostra que os árabes consideram isso uma humilhação, uma forma de continuar aterrorizando psicologicamente, já os israelenses consideram uma proteção contra os ataques terroristas.

O documentário nos mostra como o ódio e a intolerância se prolifera dos dois lados, assim como os dois lados perdem com a guerra. Porém, como afirma Gattaz, os israelenses ganharam mais simpatia do Ocidente pelo fato de usarem a imprensa para contar suas histórias e versões dos conflitos. Até hoje podemos observar como boa parte da imprensa ocidental continua alinhada aos israelenses.

Alimentadas pelo ódio, as crianças palestinas e israelenses não têm contato umas com as outras, estão próximas, mas não se comunicam, muitas saem no soco, reproduzindo o conflito latente. Porém, nas últimas cenas do filme os gêmeos israelenses Yarko e Daniel encontram-se com os palestinos Faraj e Sanabel, além de outras crianças. Eles são desafiados a entenderem o lado do outro. As crianças brincam, se alimentam e conversam juntas. Nesse momento o filme parece nos transmitir a esperança de um mundo melhor, um mundo de compreensão cujas promessas são as crianças. Porém, quando os produtores do filme retornam, dois anos depois, encontram as coisas, no mínimo, no mesmo lugar. Não há diálogo pela paz, as crianças (ou as promessas) continuam afastadas por postos de fiscalização e mais recentemente por muros, pelo ódio e pela intolerância. O processo de paz tem que continuar, a participação da sociedade civil dos dois lados é indispensável para conter os extremistas e pressionar os governantes a manter abertos os canais de negociação. Enfim, o que se espera é que a paz na Palestina deixe de ser uma promessa, tornando-se realidade. Alguém acredita nisso?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Raça e Ciência na História

Na contraditória sociedade do século XIX desenvolveram-se idéias que, como afirmou o Historiador Renato da Silveira, funcionaram como ideologia e desempenharam um papel político muito importante para a compreensão da história da humanidade[1]. Estamos falando das teorias de superioridade raciais desenvolvidas e legitimadas por cientistas. Como mostra Silveira, a Ciência foi a grande arma das elites dirigentes, ela legitimou políticas de conquistas e segregação, fundamentais para o entendimento de nosso tema. A Ciência tornou-se porta voz da Verdade, papel que até então era exercido pela Igreja, logo, a Verdade propagada pela Ciência era a de superioridade racial das elites européias, estendendo-se à superioridade cultural, política, militar etc.
Para provar a superioridade das elites brancas européias, cientistas desenvolveram métodos diversos. A craniologia é um desses métodos, Silveira nos mostra o exemplo de Broca, cientista que reafirmou a superioridade do “homem branco, o lugar subordinado da mulher, do operário, do camponês e do nativo dos outros continentes” (Silveira, p. 104). Outro exemplo é o surgimento da etnologia, mais um dos ramos da Ciência que propagava a superioridade da raça branca. Vários outros cientistas, ou portadores da Verdade, desenvolveram idéias de superioridade da raça branca, idéias que se tornaram o foco das atenções no período, por isso Le Bon destaca a preponderância das idéias raciais para o entendimento da história.
Como vimos na citação acima, o discurso racista também se identificou com o discurso de classes. Preocupados com a “turba das ruas” e com a difusão da idéia de igualdade, Le Bon e a corrente de cientistas conservadores contrariavam a idéia de que a instrução daria iguais condições aos homens e mulheres, pois todos seriam iguais. Dentro do grupo de “ilusões mais funestas” criadas no século XIX está o socialismo. Sobre esse movimento político Le Bon afirma: “O socialismo hoje parece ser o mais grave perigo que ameaça os povos europeus” (Le Bon, p.183). Como observamos anteriormente, as idéias de Marx, Engels, Proudhon (além de Bakunin e outros) colocavam as classes trabalhadoras em posição de destaque na luta contra os privilégios da burguesia e das desigualdades sociais. Em função dos ideais do anarquismo, do comunismo e do socialismo, a segunda metade do século XIX foi repleta de movimentos sociais que causaram muita tensão nas elites da sociedade no período. Greves em diversas fábricas, camponeses mobilizados e mulheres reivindicando direitos são alguns dos exemplos de políticas de mudanças sociais e econômicas, luta por liberdade e igualdade. A tal “igualdade perfeita sonhada pelos nossos modernos socialistas”, como afirma Le Bon, era impossível porque havia um abismo entre as “camadas superiores” (a elite dirigente) e as “camadas inferiores” (operários, camponeses e mulheres), assim como havia um abismo entre brancos e negros, tudo comprovado pela Ciência, por isso tudo Verdade. A socióloga Marcia Cristina Consolim contribui bastante para o entendimento desse aspecto quando trata da “multidão”, nome dado por Le Bon ao poder popular, que “ele acredita estar crescendo e prejudicando enormemente as instituições da República” [2]. Em sua reação conservadora, Le Bon defende os interesses das elites dirigentes desprestigiando, pela análise científica, as pessoas que faziam parte da classe trabalhadora. Essas pessoas seriam
“impulsivas, instintivas, impressionistas, facilmente irritáveis e sugestionáveis, crédulas, fazem associações sem nenhuma lógica, pensam por imagens, não têm idéias próprias, têm freqüentemente alucinações coletivas, confundem a realidade com sua imaginação, são incapazes de raciocinar e de julgar e não têm bom senso.” [3]

Os mais fortes dominam os mais fracos, os mais capazes devem estar no controle. Essas idéias favoreceram o êxito das elites políticas não só no contexto de suas sociedades, não serviram apenas para legitimar seus poderes contra os camponeses e operários, serviram também para consolidar um dos mais importantes aspectos da história da humanidade, ocorrido entre o final do século XIX e início do século XX, o imperialismo. Hobsbawn afirma que este novo imperialismo proporcionou que inúmeras partes do globo fossem divididas por grandes potências como Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos, Holanda e mais alguns poucos[4]. Essa divisão do mundo foi legitimada pelas idéias de que os mais “fortes” e “avançados” deveriam dominar os mais “fracos” e “atrasados”. Além das questões econômicas, relacionadas com o fato da matéria-prima para os produtos industrializados europeus e norte-americanos estarem em países que agora são suas colônias, além do aumento do mercado consumidor e da possibilidade de mão-de-obra barata, o imperialismo também apresenta conflitos políticos, ideológicos e raciais. Sobre este último aspecto, cabe retornar às idéias de superioridade racial dos brancos em relação aos negros africanos, por exemplo, que fez com que o continente fosse dominado por um pequeno número de colonizadores cuja tarefa, entre outras coisas, era levar a “luz” para o continente das “trevas”, era civilizar esses bárbaros, levar a eles o progresso, seria esse o “fardo” do europeu. O continente africano é tratado como “zona servil”, onde seus habitantes eram à “imagem de povos pré-históricos” e “infantis”, características que justificariam o domínio do branco superior[5].
Essa política expansionista européia e norte-americana proporcionou a divisão do mundo entre poucos. De certa forma, o imperialismo proporcionou uma maior identificação das massas com o Estado e a nação, justificando e legitimando ações das elites políticas envolvidas. Porém, esse expansionismo também gerou conflitos entre as grandes potências, conflitos que os levaram à Primeira Guerra Mundial. Le Bon afirmou que um dos “mais importantes elementos da civilização são os que permitem a um povo avassalar os outros, isto é, as instituições militares” (p.70), nesse mesmo contexto Márcia Maria Menendes Mota afirma que, nos antecedentes da Primeira Guerra, havia a crença de que seria um conflito rápido, já que cada nação acreditava na sua superioridade em relação às outras[6]. Como sabemos, os que acreditavam nessas idéias se enganaram profundamente. A Guerra durou anos (1914-1918), e as idéias de superioridade racial nada tinham de Verdade.


[1] SILVEIRA, Renato da. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-Ásia, n. 23, 1999, p. 89-145.
[2] CONSOLIM, Marcia Cristina . Gustave Le Bon e a reação conservadora às multidões. In: XVII Encontro Regional de História (ANPUH), 2004, Campinas - SP. XVII Encontro Regional de História (Anpuh). Campinas - SP, 2004.
[3] Ibidem, p.6
[4] HOBSBAWN, Eric J. “A Era dos Impérios”. In: A Era dos Impérios 1875-1914. edição, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992, pp. 87-124
[5] SILVEIRA, Renato da, op. cit. pp.119-120 e HOBSBAWN, Eric J. “A Era dos Impérios”, op.cit. p.106
[6] MOTTA, Márcia Maria Menendes. A Primeira Grande Guerra. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste (Orgs.). O século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, v. 1 (O tempo das certezas: da formação do capitalismo à Primeira Guerra Mundial), p. 233-251.