terça-feira, 23 de agosto de 2011

Folha de São Paulo: "Sobe total de evangélicos sem vínculos com igrejas".


"O número de evangélicos que não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu, informa reportagem de Antônio Gois e Hélio Schwartsman, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, eles passaram de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, um salto de 4 milhões de pessoas.
Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.
No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças --o que reforça a tese da desinstitucionalização."

http://www1.folha.uol.com.br/poder/959739-sobe-total-de-evangelicos-sem-vinculos-com-igrejas.shtml

Vários foram os sites que comentaram, criticaram, reproduziram, desmentiram… Poucos, todavia, se prestaram a refletir a respeito das variáveis envolvidas na equação que levou a esse número. Uma das críticas sãs que vimos por aí foi escrita por Sandro Baggio, pastor do Projeto 242, comunidade de São Paulo. Reproduzimos abaixo seu texto lembrando a importância de caminhar em conjunto, não necessariamente sob o teto de uma igreja ou comunidade física, com nome na porta… Pense a respeito. 

"Li ontem a reportagem da Folha de São Paulo sobre o número crescente de evangélicos sem ligação com igrejas e também diversas reações à mesma. Uns celebraram a reportagem, pois parece confirmar a eles algo positivo, ou seja, que a vida cristã ou espiritualidade verdadeira precisa libertar-se do contexto institucional poluído para ser vivida com graça. Mas será que é isto que a reportagem realmente indica?

A começar pelo título, já encontramos uma certa contradição e negação aos prognósticos daqueles que estavam decretando o fim da igreja evangélica. Fala-se de evangélicos sem ligação com igrejas. Mesmo tendo deixado seus vínculos com uma igreja local, estas pessoas ainda se identificam como sendo evangélicos e alguns ficam indo de igreja em igreja como consumidores que “usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir.”
No entanto, é o perfil deste “novo evangélico” traçado nas análises feitas para esta desinstitucionalização, que me faz pensar se, como seguidor de Cristo, existe algo a ser celebrado.
Ricardo Mariano aponta como motivos para esta desinstitucionalização “o individualismo e da busca de autonomia diante de instituições que defendem valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados” e fala ainda sobre o “crer sem pertencer”.   Individualismo, busca de autonomia, rejeição de valores extemporâneos e descompromisso… seriam marcas a serem buscadas por um discípulo de Cristo?
Não é estranho que tais pessoas sejam chamadas de “crente genêrico”, que criaram seu próprio “blend” de crenças (resultado do pluralismo e sincretismo religioso) e sejam comparadas ao católico não praticante. Para um seguidor de Cristo, não há o que celebrar aqui.
O que a reportagem não diz é que estes que abandonaram a ligação com as igrejas institucionais se uniram a novas igrejas “não institucionais” em busca de uma experiência renovada e libertadora de fé. Se isto estivesse acontecendo, talvez fosse algo a ser celebrado. Mas, neste caso, eles não seriam evangélicos “sem ligação com igrejas”, e sim evangélicos em “novas igrejas”.
A única coisa positiva neste artigo é a confirmação do fenômeno da desinstitucionalização como uma das marcas da pós-modernidade. Isto não é novidade, mas algo que vem sendo apontado há anos."

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