terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sugestão de leitura: O novo retrato da fé no Brasil (Istoé)

Caros leitores, considero que a análise desse artigo seja muito importante. Segue o link:
http://www.istoe.com.br/reportagens/152980_O+NOVO+RETRATO+DA+FE+NO+BRASIL

Em análise a essa reportagem, o pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira (SP), Luiz Fernando dos Santos, fez algumas observações interessantes, veja:


"[...] 
1º - O Islã recebe novos adeptos a cada dia, as mesquitas e as comunidades islâmicas de muitos lugares no Brasil já possuem 85% de membros “nativos” convertidos, de brasileiros que aderiram à nova fé.

2º - Hoje, no Brasil, algo em torno de 4 milhões de nascidos em berços evangélicos se declaram crentes não praticantes e outros tantos se declaram cristãos, mas não querem nenhum envolvimento com Igreja ou Comunidade de fé. 

3º - A migração entre neopentecostais e pentecostais, e a insustentável infidelidade dos membros a estas expressões cristãs, começam a apresentar sinais de saturação manifestados em dois movimentos excludentes entre si:

   a) Muitos pentecostais e neopentecostais começam a procurar guarida nas Igrejas históricas e mais alinhadas com a Reforma Protestante: Presbiterianas, Metodistas, Batistas etc. O que as atrai é o estudo diligente das Escrituras, a ética, a moral e os valores do Reino difundidos e defendidos por estas instituições. 

b) O outro fenômeno, surpreendente para dizer o mínimo, é que muitos egressos do ramo neopentecostal passam a freqüentar a umbanda e o candomblé, exatamente pelas muitas semelhanças cúlticas como transes, gritos e grunhidos, possessões, busca de soluções mágicas, usos de objetos sagrados e por aí vai. 

4º - Os sem religião e sem Deus também já figuram entre os grupos de destaque nas pesquisas. Mas será que Deus comissionou a Igreja para esta tarefa tão difícil sem aparelhá-la com os devidos instrumentos? Evidentemente que não. Além dos dons espirituais e a própria presença e ministério do Espírito Santo e as Escrituras, o Senhor indicou também estratégias para que a Igreja desempenhasse com êxito a sua missão e dentre estas estratégias podemos destacar o imprescindível e permanente mandato do discipulado. 

O grande êxito alcançado pela Igreja Primitiva e Antiga deveu-se ao grande investimento feito no discipulado pessoal e comunitário dos novos convertidos e das novas lideranças. Na Igreja Antiga o Catecumanato, com suas catequeses, escrutíneos e provas num processo formativo nunca inferior a três anos, era o grande divisor de águas entre os membros da Igreja e os pagãos. Depois havia ainda as didascalias, verdadeiros centros de treinamentos para a vida cristã. São famosas as escolas de Alexandria, Constantinopla, Roma, Lião, Antioquia e Cartago.

Com o advento dos acontecimentos de 313, 325 e 375, quando a Igreja é oficializada no Império Romano e depois estatizada pelo Imperador, as massas agora entram na Igreja sem o devido discipulado, recebem apenas os sacramentos sem nenhuma instrução (são sacramentalizados, mas não cristianizados) e rapidamente as deteriorações moral, espiritual e ética corrompem a Igreja a tal ponto de os cristãos comprometerem a sua mensagem, doutrina e liturgia. Como efeito, progressivamente a Igreja foi sendo deformada no século XVI.

É bem verdade que Deus nunca deixou a sua Igreja desprovida de grandes líderes que continuaram apostando no discipulado formal e sistemático para preservar exatamente a herança dos santos: Ambrósio, Cipriano, João Crisóstomo, Agostinho, Irineu, Justino, Cirilo de Alexandria etc. A Reforma protestante foi, sem dúvida, uma volta ao discipulado e a instrução bíblica para a vida. Os catecismos de Lutero, Calvino, Bullinger e outros provam isto. [...]"


Não podemos esquecer os mandamentos de Jesus: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;" (Mateus 28. 12)

Pátria amada, idolatrada e questionada

O Brasil é o quinto país mais desigual do mundo. Os quatro primeiros são Namíbia, Lesoto, República Centro-Africana e Paraguai. 

Os pobres brasileiros têm renda mais baixa que a dos pobres do Vietnã, apesar de este país ter uma renda média inferior à brasileira. 

De acordo com o recente relatório (novembro de 2005) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), se os negros brasileiros formassem um país, ele ocuparia a 105º posição no ranking que mede o desenvolvimento social no mundo, enquanto o Brasil “branco” seria o 44º. 

Os 10% mais ricos do Brasil faturam 68 vezes mais que os 10% mais pobres. A transferência de 5% da renda dos mais ricos para os mais pobres poderia tirar da miséria 25 milhões de pessoas (15% da população). 

Embora o número de pessoas famintas no Brasil esteja diminuindo, ainda há 15,6 milhões delas no país (eram 16,5 na metade da década de 90 e 18,5 no início da mesma década). 

São Paulo é a única cidade do mundo que tem duas lojas Montblanc. O Brasil é o segundo mercado de helicópteros e o único país do mundo onde a Cartier vende a prazo. A marca italiana Diesel escolheu São Paulo para abrir seu segundo hotel, depois de Miami. 

A cada safra, o Brasil perde 10 milhões de toneladas de grãos (13% do que é produzido) antes e depois da colheita, principalmente durante o transporte.



http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/298/patria-amada-idolatrada-e-questionada

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Folha de São Paulo: "Sobe total de evangélicos sem vínculos com igrejas".


"O número de evangélicos que não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu, informa reportagem de Antônio Gois e Hélio Schwartsman, publicada na Folha desta segunda-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, eles passaram de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, um salto de 4 milhões de pessoas.
Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.
No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças --o que reforça a tese da desinstitucionalização."

http://www1.folha.uol.com.br/poder/959739-sobe-total-de-evangelicos-sem-vinculos-com-igrejas.shtml

Vários foram os sites que comentaram, criticaram, reproduziram, desmentiram… Poucos, todavia, se prestaram a refletir a respeito das variáveis envolvidas na equação que levou a esse número. Uma das críticas sãs que vimos por aí foi escrita por Sandro Baggio, pastor do Projeto 242, comunidade de São Paulo. Reproduzimos abaixo seu texto lembrando a importância de caminhar em conjunto, não necessariamente sob o teto de uma igreja ou comunidade física, com nome na porta… Pense a respeito. 

"Li ontem a reportagem da Folha de São Paulo sobre o número crescente de evangélicos sem ligação com igrejas e também diversas reações à mesma. Uns celebraram a reportagem, pois parece confirmar a eles algo positivo, ou seja, que a vida cristã ou espiritualidade verdadeira precisa libertar-se do contexto institucional poluído para ser vivida com graça. Mas será que é isto que a reportagem realmente indica?

A começar pelo título, já encontramos uma certa contradição e negação aos prognósticos daqueles que estavam decretando o fim da igreja evangélica. Fala-se de evangélicos sem ligação com igrejas. Mesmo tendo deixado seus vínculos com uma igreja local, estas pessoas ainda se identificam como sendo evangélicos e alguns ficam indo de igreja em igreja como consumidores que “usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir.”
No entanto, é o perfil deste “novo evangélico” traçado nas análises feitas para esta desinstitucionalização, que me faz pensar se, como seguidor de Cristo, existe algo a ser celebrado.
Ricardo Mariano aponta como motivos para esta desinstitucionalização “o individualismo e da busca de autonomia diante de instituições que defendem valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados” e fala ainda sobre o “crer sem pertencer”.   Individualismo, busca de autonomia, rejeição de valores extemporâneos e descompromisso… seriam marcas a serem buscadas por um discípulo de Cristo?
Não é estranho que tais pessoas sejam chamadas de “crente genêrico”, que criaram seu próprio “blend” de crenças (resultado do pluralismo e sincretismo religioso) e sejam comparadas ao católico não praticante. Para um seguidor de Cristo, não há o que celebrar aqui.
O que a reportagem não diz é que estes que abandonaram a ligação com as igrejas institucionais se uniram a novas igrejas “não institucionais” em busca de uma experiência renovada e libertadora de fé. Se isto estivesse acontecendo, talvez fosse algo a ser celebrado. Mas, neste caso, eles não seriam evangélicos “sem ligação com igrejas”, e sim evangélicos em “novas igrejas”.
A única coisa positiva neste artigo é a confirmação do fenômeno da desinstitucionalização como uma das marcas da pós-modernidade. Isto não é novidade, mas algo que vem sendo apontado há anos."